quinta-feira, 10 de março de 2011

Censura

A dita dura ditadura talvez não fosse tão dura assim como querem fazer a nossa geração pensar que foi. Grandes artistas musicais da época faziam menções nada subliminares em suas canções. Reclamações escancaradas, exortando a população a reagir contra o regime. Ou a censura era surda, ou estão mentindo para a gente.

Acorda, amor (do disco "Sinal Fechado", Chico Buarque, 1974)

Acorda, amor
Eu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição
Era a dura, numa muito escura viatura
Minha nossa santa criatura
Chame, chame, chame lá
Chame, chame o ladrão, chame o ladrão

Acorda, amor
Não é mais pesadelo nada
Tem gente já no vão de escada
Fazendo confusão, que aflição
São os homens
E eu aqui parado de pijama
Eu não gosto de passar vexame
Chame, chame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão

Se eu demorar uns meses convém, às vezes, você sofrer
Mas depois de um ano eu não vindo
Ponha a roupa de domingo e pode me esquecer

Acorda, amor
Que o bicho é brabo e não sossega
Se você corre o bicho pega
Se fica não sei não
Atenção
Não demora
Dia desses chega a sua hora
Não discuta à toa, não reclame
Clame, chame lá, clame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão, chame o ladrão
(Não esqueça a escova, o sabonete e o violão)

sexta-feira, 4 de março de 2011

Samba a um

Todo dia esse vai e vem
Que mal dá pra acreditar
E amanhã tem outra vez
Vamos ter que aguardar

Vamos ter que aguardar
Passar esse vai e vem
E torcer pra que amanhã
Não tenha isso outra vez

# Por favor, diga pra mim
Que esse cansaço, mormaço
Da vida em que eu me encontro
Vai passar, vai passar

#Ah, minha querida
Foi-se o tempo da abastança
E hoje na balança do armazém
Não passei, não passei